
Acadêmico do curso de Turismo defende TCC em língua Guarani
22 de novembro de 2019O acadêmico Tiago Cavalheiro Martins viu sua solicitação para defender seu TCC na sua língua materna ser concretizada. Na última quarta-feira (13), apresentou sua pesquisa “A cultura Kaiowá e a autoetnografia: valorização da identidade indígena por meio de instrumentos usados em rituais”, na língua Guarani, perante à plateia composta por estudantes indígenas e à banca, que também teve a presença do professor kaiowá Izaque João, que também o arguiu na língua Guarani, destacando “ a importância da pesquisa ao estudar o Mymby e o Mbaraka que são dois instrumentos usados nos rituais dos Kaiowá, a partir das aprendizagens e memórias construídas junto ao sr. Carlito Paulo, rezador da aldeia Te´y Kuê, do município de Caarapó”.
Esta foi mais uma oportunidade da vivência de situações nas quais os saberes trazidos pelos estudantes indígenas ocupem espaço igualitário na universidade que, neste caso, contemplou tanto a temática quanto a valorização da língua falado por mais de 30 mil pessoas pertencentes aos povos Guarani e Kaiowá no estado de Mato Grosso do Sul.
As defesas de TCC em língua indígena, como neste caso e em outras unidades universitárias da UEMS que contam com a presença indígena, tem oportunizado que outras construções linguísticas que possuem riqueza cultural, social, espiritual e cosmológica aproximem os conhecimentos científicos dos conhecimentos que trazem de seus povos originários e dos quais não esquecem ao adentrar o ambiente universitário. Estes e estas estudantes são provenientes do MS e de outros estados, e sua presença na instituição gera perspectivas interculturais e colaborativas nestes espaços, para uma convivência que respeite a diversidade em sua amplitude.
A profa. Camila Brito de Quadros Lara agradeceu a oportunidade de aprender com esta apresentação, afirmando que “é possível fazer diferente e compreender estas aprendizagens como momentos de trocas significativas entre as pessoas”, enquanto a orientadora, Profa. Márcia Medeiros, garantiu que “aqueles que quiserem usar sua língua materna terão sempre uma incentivadora”.
A Profa. Beatriz Landa destacou que estes momentos devem ser cada vez mais frequentes para que a UEMS seja efetivamente inclusiva.
Tiago afirmou que “apresentar o seu trabalho na língua do seu povo trouxe muita alegria’. o acadêmico também agradeceu ao Rede de Saberes e, especialmente, a dona Antônia que ele definiu como “uma segunda mãe para ele”, que sempre o apoio nos momentos mais difíceis que passou na vida e na universidade.