Coronavírus: exercícios ao ar livre diminuem chances de transmissão

Coronavírus: exercícios ao ar livre diminuem chances de transmissão

16 de março de 2020 0 Por redacao
Com a pandemia de coronavírus começando sua escalada no Brasil, especialistas têm recomendado higienização das mãos e uso de álcool em gel, isolamento social e evitar ambientes fechados e aglomerados. Recentemente, demos dicas de como se proteger do Covid-19 numa academia. Mas com a progressão da doença no país, o fechamento de escolas, cinemas, teatros e museus e os pedidos das autoridades para que as pessoas fiquem em casa, dividir o mesmo ambiente de uma academia e todos os seus aparelhos com outras pessoas, mesmo com todos os cuidados, já não é mais a melhor escolha. O ideal, dizem os especialistas, é que as pessoas se exercitem em casa. Ou, enquanto sair à rua não for proibido, como já aconteceu em países como Itália e Espanha, que façam atividades físicas ao ar livre, sozinhas, e mantendo pelo menos dois metros de distância das outras pessoas, como explica o médico Luis Fernando Correia, colunista do Papo com o Doc, do EU Atleta, no vídeo abaixo.

– Ambientes fechados e cheios aumentam o risco de transmissão de qualquer agente respiratório. A Covid-19 é uma doença muito semelhante a outros vírus respiratórios comuns e, no caso de coronavírus, é recomendado evitar o contato próximo com pessoas com suspeita da infecção no período de sintomas – explica o infectologista Renato Grinbaum, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

O infectologista e epidemiologista Carlos Starling, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI) e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), afirma que as atividades ao ar livre podem ser consideradas mais ‘seguras’ do que as em academia.

– As atividades ao ar livre são associadas ao risco menor de contato com outra pessoa infectada e, por isso, são mais seguras. Na academia, é possível que pessoas infectadas levem secreções para o ambiente e para os aparelhos, e o vírus pode ficar ativo por até nove horas – diz Starling.

Dicas para esporte ao ar livre

  1. Correr ao ar livre ainda não oferece grande risco de transmissão, se for feito sozinho, respeitando distância para outros corredores e pedestres;
  2. Se você faz parte de um grupo de corrida, mantenha as trocas de experiências com eles apenas por meios virtuais, por um tempo. Na hora de correr, vá sozinho;
  3. Peça ao seu treinador para mandar as planilhas por e-mail ou whatsapp, sem necessidade de encontro físico com ele;
  4. Leve sua própria garrafinha de água ou isotônico e seus alimentos de casa. Nada de comprar bebidas na rua, durante o treino;
  5. Não participe de competições. Enquanto num treino é possível respeitar uma distância de pelo menos dois metros para outras pessoas, numa prova de corrida é impossível evitar a proximidade entre os atletas: há um grande número de competidores correndo lado a lado, e há grande possibilidade de transmissão aérea por gotículas de saliva. Tanto que várias provas já estão sendo canceladas ou adiadas, como a Maratona de São Paulo.
  6. As mesmas dicas valem para quem pedala. Vá sozinho, não pare para conversas e compras. Leve sua garrafinha e seus alimentos e suplementos. Nada de competições. E, se possível, use sua própria bicicleta;
  7. Evite usar o sistema de equipamentos compartilhados, como bicicletas e patinetes para aluguel. Se não tiver alternativa, higienizar os equipamentos com álcool gel 70% antes e depois de você usá-los;
  8. Segundo Carlos Starling, o vírus morre rapidamente em contato com a água clorada. Portanto, por enquanto a natação ainda é uma opção. Mas mantenha distância de uma raia entre você e outro nadador. E assim que sair da piscina, higienize as mãos, que certamente entrarão em contato com as bordas e escadas;
  9. O uso de equipamentos de musculação de praças públicas, como barras, não é indicado;
  10. Se sentir qualquer sintoma de gripe, coronavírus ou indisposição em geral, não malhe nem ao ar livre, nem em casa. Corpos infectados por viroses precisam de repouso.

Suplementos e vitaminas ajudam a evitar o novo coronavírus?

Referência na área, o infectologista Carlos Starling recomenda não fazer uso de suplementos vitamínicos sem orientação médica — Foto: Carlos Guilherme Guedes

Uma das dúvidas mais frequentes em relação à prevenção do novo coronavírus é sobre suplementos e vitaminas, de acordo com Starling. Embora muitas pessoas tenham repassado a informação de que itens como alho auxiliam no combate à doença, tudo não passa de um boato.

– A respeito dos complementos e das vitaminas, muitas pessoas se entopem de alho e pastilha de alho, mas não há evidência científica de que tenha algum benefício. Não recomendo usar nenhum suplemento especial por causa de gripe ou qualquer infecção, principalmente complexos vitamínicos, pois alguns deles podem causar intoxicação. Esses suplementos não devem ser utilizados sem orientação médica – esclarece. – Não há suplemento que seja melhor que hidratação, se a pessoa quer evitar complicações após o esporte, o ideal é se hidratar muito bem antes e depois das atividades físicas, e também se alimentar de forma balanceada e bem orientada. Essas são formas de se proteger não apenas contra coronavírus, mas qualquer outra doença.