Lixo Achado Dentro de Tartaruga Mostra Ameaças do Plástico

Lixo Achado Dentro de Tartaruga Mostra Ameaças do Plástico

24 de julho de 2019 0 Por redacao

Em média, 70% das tartarugas que encalham na costa brasileira ingeriram plástico, diz pesquisa.

Imagem inédita da necropsia de uma tartaruga-verde que morreu após encalhar em uma praia na costa brasileira hoje são usadas pelo biólogo Robson Guimarães dos Santos como forma de conscientizar a população sobre os riscos de jogar plástico no lugar errado. A imagem foi feita em 2012 como parte da pesquisa de doutorado de Santos, hoje professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Essa foi uma das formas que ele encontrou de chamar a atenção para uma ameaça ambiental que começa com o consumo de objetos feitos de plástico. Após o descarte, o material pode seguir diversos caminhos, mas, se não recebeu o destino correto, é provável que provoque danos como a morte de um dos animais mais característicos da costa brasileira.

“A ingestão de plástico é hoje um dos principais problemas para a conservação das espécies de tartarugas marinhas tanto pela mortalidade direta como por todos os problemas crônicos decorrentes de sua ingestão, como contaminação por poluentes, por exemplo”, diz Santos.

De acordo com o professor, uma tartaruga-verde juvenil só precisa ingerir meio grama de plástico para morrer. Elas o ingerem ao confundi-lo com alimento, e então o material obstrui o trato gastrointestinal dos animais. Isso quer dizer que a tartaruga fica impedida de comer e realizar outras funções fisiológicas, levando-a a um emagrecimento crônico e podendo prolongar o sofrimento por bastante tempo até ela morrer.

Zona de pesca perto do Porto de Jaraguá, em Maceió — Foto: Bárbara Muniz Vieira/G1

Contaminação que volta ao homem

Mas se engana quem pensa que só as tartarugas se alimentam do plástico que é jogado fora de maneira inadequada. Como o homem faz parte da cadeia alimentar, o plástico que contamina a água e afeta a biodiversidade marinha chega também à nossa alimentação.

Em um relatório divulgado neste ano, a organização não governamental WWF (Fundo Mundial para a Natureza), afirma que a contaminação de macro, micro e nanoplásticos já atinge os solos, águas doces e oceanos. “A cada ano, seres humanos ingerem cada vez mais nanoplástico a partir de seus alimentos e da água potável, e seus efeitos totais ainda são desconhecidos”, diz o documento.

Para tentar mitigar o problema, o Ministério do Meio Ambiente lançou em março deste ano o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar. A agenda do programa também abrange cinco outros temas: resíduos sólidos, recuperação de áreas verdes, qualidade do ar, saneamento e qualidade das águas e áreas contaminadas.