
Você já conversou sobre racismo com seu filho?
7 de junho de 2020Nos últimos dias, notícias trágicas envolvendo a morte de pessoas negras têm gerado protestos e manifestações no mundo todo. Mas como falar sobre o assunto com os pequenos?
O racismo continua muito presente na sociedade. Embora uma parcela da população esteja cada vez mais atenta ao tema, há ainda um caminho muito longo a ser percorrido para eliminá-lo. E, infelizmente, as famílias precisam lidar com a questão em algum momento. Se você é pai ou mãe, saiba que tem um papel fundamental nisso — seja para evitar que seu filho seja uma vítima ou agressor.
Mas, afinal, de que maneira introduzir um assunto tão delicado com os pequenos? Para a psiquiatra da Infância e Adolescência Ivette Gattas, uma das melhores maneiras é esperar que as crianças façam as perguntas. “Normalmente, elas questionam sobre o que está incomodando. Os pais, então, devem se preocupar em responder adequando a linguagem de acordo com a idade”, diz. Outro ponto fundamental, segundo a especialista, é deixar claro para o filho que não há nada de errado com ele e que o erro foi somente da pessoa que o discriminou. Isso porque os pequenos têm tendência em se culpar pelo incidente. Usar histórias, livros, desenhos, recriar o acontecimento na hora da explicação podem facilitar o entendimento por parte deles.
Mas e se a criança não tocar no assunto? Nesse caso, é preciso que os pais estejam atentos em relação a outros sinais de desconforto e angústia. “Se ela começa a ter problemas para dormir, fica ansiosa, não quer comer ou se recusa a ir para a escola é porque algo não está bem. Os pais devem perguntar o que está acontecendo e podem até falar sobre o assunto diretamente. Assim, vão proporcionar uma oportunidade para as crianças perguntarem o que precisam saber”, afirma. Mas tudo sem forçar, claro! Se perceber que ela não se abre de jeito nenhum, é hora de buscar ajuda com um especialista.
Outra dica, segundo Ivette, é investir um tempo em conversas genéricas sobre discriminação aproveitando situações corriqueiras para explorar o assunto com a criança. Porém, o mais importante é que os pais sejam exemplo para os filhos. “Se a gente quer que eles tenham um determinado comportamento, temos que dar o exemplo. Sempre vamos ser exemplo para nossos filhos até o momento em que eles vão pegar o que aprenderam conosco e unir às próprias experiências. Precisamos exercitar o não preconceito”, finaliza.