
Reitoria dá prazo de 30 para vendedores ambulantes saírem do campus
8 de outubro de 2020No dia 14 Setembro de 2020, foi emitido um “Termo de Notificação” aos ambulantes, proprietários de barracas de alimentos e food trucks, que estão no campus da UFGD (Universidade Federal da Geande Dourados), para que desocupem as áreas utilizadas em até 30 dias. Mais uma surpresa da Reitoria pró-tempore, que desde o ano passado ameaçava tal ação. Agora, sem estudantes no campus, a Proae (Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis), se aproveita do atual momento de pandemia para desalojar pessoas e proibir o uso de espaços públicos da universidade. Vale ressaltar, que o espaço é uma alternativa para os estudantes se manterem alimentados no campus (distante quase 15 km da cidade de Dourados), e para muitos ambulantes a única fonte de renda em tempos de crise econômica.
No ano passado, época em as primeiras ameaças surgiram, o DCE (Diretório Central dos e das Estudantes) entrou em contato com a PROAE, onde foi garantido a abertura de edital de licitação em janeiro de 2020 para que os proprietários de barracas de alimentos e food trucks regularizassem algumas questões e tivessem uma maior garantia de permanência nesses espaços. Além de que os proprietários concordaram em pagar uma taxa e a documentação exigida para ocupar os espaços da universidade foi providenciada. Também houve uma solicitação à PROAE, para que vendedores ambulantes/estudantes não fossem obrigados a pagar essa taxa. Entretanto, o edital não foi aberto pela pró-reitoria interventora.
O uso de espaços públicos para funcionamento de Food Trucks no município de Dourados é regulamentado pela lei N° 3.974 de 11 de abril de 2016 e tem como objetivo atender a necessidade de geração de empregos e oportunidades na cidade de Dourados. Assim que houve aprovação da lei, a então reitoria da UFGD, realizou um teste de implantação de Food trucks no campus, sendo aprovado pelos estudantes, dando continuidade no processo de implantação.
A UFGD encontra-se a mais de um ano sob a reitoria pró-tempore. No dia 11 de de junho de 2019, o então ministro da educação, Abraham Weintraub, publicou a nomeação da professora Mirlene Ferreira Macedo Damázio como reitora temporária, ignorando a lista tríplice enviada pela UFGD após eleição interna. Desde então a comunidade acadêmica considera a reitoria pró-tempore um grupo interventor que viola a democracia e autonomia universitária.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego já atinge 12,8 milhões de pessoas da nossa classe trabalhadora. Com a crise intensificada pela pandemia, o comércio de alimentos no campus é uma das alternativas de subsistência de muitos estudantes e de famílias douradenses. Para além disso, esses alimentos que não são ofertados no Restaurante Universitário (RU), deveriam se multiplicar, visto que a demanda é maior em determinados horários na UFGD. Tal ação, demonstra que a reitoria pró-tempore não se importa com a permanência estudantil, e muito menos com acesso à alimentação, fatores cruciais para o bom desempenho dos estudantes.
Um processo de licitação sem transparência coloca os menores comerciantes em xeque com a concorrência de empresários maiores. Aos estudantes, expõe a luta diária contra a evasão universitária. Fatores que devem ser superados, mas que parecem estar longe de ser debatidos e solucionados pela atual administração da universidade.