Em Dourados, 48,9% da população indígena não tomou 2ª dose da vacina

Em Dourados, 48,9% da população indígena não tomou 2ª dose da vacina

28 de junho de 2021 0 Por jornalismo

Em Dourados, quase metade da população indígena (48,9%) não tomou a 2ª dose da vacina contra Covid-19, apesar das doses es­tarem disponíveis nas unidades de saúde para atender a esse pú­blico prioritário. De acordo com relatório do Ministério Público Federal, apenas 4.971 doses fo­ram aplicadas na segunda eta­pa, o que representa 51,1% da população que tem direito a se imunizar. Na primeira fase 6.537 doses foram aplicadas, o que cor­responde a 67,2%.

Para o MPF, a vacinação de in­dígenas fracassou e por essa ra­zão fez recomendação a Doura­dos e a outros 14 municípios para que equipes de saúde munici­pais, estaduais e do Distrito Sani­tário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul (DSEI/MS) iniciem buscas ativas dos indígenas que não tomaram as segundas doses da vacina contra a Covid-19, por intermédio de equipes móveis nos territórios de origem e de preferência fora dos horários de trabalho dos indígenas.

Foram comunicadas as Secre­tarias Municipais de Saúde dos Municípios de Amambai, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Ja­porã, Ponta Porã, Anastácio, Aquidauana, Nioaque, Porto Murtinho, Maracaju, Douradina, Dourados, Rio Brilhante, Iguate­mi e Miranda, além da Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul e o DSEI/MS.

As medidas fazem parte de Re­comendação conjunta expedida pelo Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União e Defensoria Pública do Estado. A omissão na adoção das medidas recomendadas pode implicar em medidas administrativas e ações judiciais contra os gestores pú­blicos que se omitirem.

Atraso notável

A Recomendação baseia-se em ofício da própria DSEI/MS, que informa as doses D1 e D2 aplica­das aos indígenas e inclui tabela que comprova baixos índices da 2ª dose entre indígenas em al­guns municípios.

Notícias falsas

Em fevereiro desse ano O Pro­gresso mostrou que notícias falsas e crenças religiosas estão derrubando o movimento de va­cinação contra a Covid-19 nas aldeias de Dourados. A época já havia queda de 50% na procura. “A campanha teve início com boa participação da comunidade, porém o movimento foi caindo porque existe muita resistência. Essa renúncia é fruto de infor­mações equivocadas que estão sendo espalhadas nas comuni­dades”, explica.

Os boatos vão desde a ineficá­cia da vacina, bem como ela seria a “marca da besta”, uma citação prevista no Livro do Apocalip­se. Membro do Conselho Fiscal de Saúde Indígena, Fernando de Souza, disse ao O PROGRESSO que além do que chega por meio de notícias falsas a comunidade ainda precisa lidar com questões de ideologia religiosa. Segundo ele, existe a informação de que líderes religiosos estariam incen­tivando a comunidade a resistir contra a imunização. “Estamos buscando identificar essas li­deranças, reuni-las e esclarecer eventuais pontos de dúvidas”, ressalta.