
Em reunião, mulheres apresentam estratégias para combater feminicídio
26 de abril de 2019Capacitar os profissionais e fortalecer a rede de proteção as mulheres no interior do Estado foram as principais demandas apresentadas
Capacitar os profissionais que atuam no atendimento a mulher, fortalecer a rede de atendimento a mulher no interior do Estado e realizar campanhas educativas permanentes foram algumas das inúmeras proposições feitas por mulheres na segunda reunião pública do Comitê Estadual de Combate ao Feminicídio, no Plenário Deputado Júlio Maia, na ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), na tarde desta quinta-feira (25).
A discussão de medidas estratégicas para combater o feminicídio em Mato Grosso do Sul foi ampliada para legitimar a atuação do comitê. “Feminicídio é uma questão legal, uma tipificação penal e para que a gente pudesse ter ideias estratégicas e ampliada apara botar em prática iniciamos a conversa com entre o governo e o sistema judiciário. Porque mesmo com o tanto que a gente faz, ainda temos mulheres morrendo. Começamos a pensar no que a gente poderia fazer de mais e melhor e para ser legítimo precisamos da participação das mulheres”, aponta a subsecretária especial de cidadania, Luciana Azambuja.
Além de representantes do poder legislativo, do governo estadual e do judiciário, participaram a reunião pública mulheres negras, quilombolas, camponesas, líderes religiosas, indígenas e mulheres com deficiência que apresentaram as demandas. “Isso é importante quando a gente quer fazer uma campanha que não é do governo, é do Estado”, afirmou a subsecretária especial de cidadania.
As mulheres falaram das realidades vividas e apresentaram as dificuldades que enfrentam no acesso a rede de proteção. O Coletivo de Mulheres Negras de Mato Grosso do Sul apontou o racismo institucional como uma barreira para as mulheres negras. “O espaço da denúncia é o mesmo lugar em que essa mulher ou até mesmo o seu filho, sofre violência institucional”, denuncia Angela Vanessa Epifânio, do coletivo.
A indígena Rute Poquiviqui falou da dificuldade de acesso a rede de proteção mesmo em Campo Grande, já as aldeias que as aldeias ficam distantes das delegacias e até mesmo da CMB (Casa da Mulher Brasileira).
15 mulheres mortas
Em menos de quatro meses, o registro de feminicídio já representa metade dos casos contabilizados em 2018. De 1° de janeiro até 25 de abril, 15 mulheres morreram em Mato Grosso do Sul. Dos casos registrados, a morte de Ivelin Aparecida Alves dos Santos, de 46 anos, assassinada pelo próprio sobrinho na tarde da última sexta-feira (19) na Vila Santo Amaro, em Campo Grande, ainda é investigada. O número de tentativas de feminicídio no Estado já chegou a 30 casos.