Facções fazem do presídio de Dourados o escritório do crime

Facções fazem do presídio de Dourados o escritório do crime

10 de novembro de 2020 0 Por jornalismo

Presos considerados líderes de facções criminosas fazem do Presídio Estadual de Dourados o “escritório do crime”. É de lá de dentro onde são orquestrados crimes como homicídios, estelionato, roubo e tráfico de drogas. As ordens de execução geralmente são para vitimar rivais ou próprios membros que são considerados traidores.

O delegado regional da Polícia Civil de Dourados, Lupersio Degerone explica que hoje a PED concentra mais de 800 integrantes e simpatizantes de organizações criminosas, sendo 80% dos membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) são de Mato Grosso do Sul. Destes, 60% são de Dourados e região.

De acordo com o delegado, estima-se que nas ruas de Dourados existe número semelhante de faccionados em liberdade aos que estão dentro do presídio. São eles que agem sob comando que vem de dentro da penitenciária.

Diferentemente dos famosos golpes de telefone, mais característicos de presídios do nordeste brasileiro, em Dourados, o “modus operandi” das facções se concentram em estratégias de furtos e roubos. Sabendo disso, o setor de segurança pública entra em alerta, principalmente nas épocas de fim de ano, quando, com a aproximação do Natal esses crimes tendem a aumentar.

O Conselho Institucional de Segurança Pública de Dourados (Coised), vem há anos alertando para medidas para se aumentar a segurança dentro e fora dos presídios. Enquanto a capacidade máxima de presos é de 718, a PED tem cerca de 2 mil e já foi considerada a maior superlotação do Estado se levada em consideração os índices por habitantes.

Dentre os pedidos que o Conselho vem fazendo durante nos últimos anos estão o aumento no efetivo de agentes penitenciários e a aquisição de bloqueadores de sinal de telefonia celular, impedindo-se que organizações criminosas que atuam de dentro do presídio possam valer-se desse meio para perpetrar delitos.

Uma das medidas realizadas pelo Estado é a nomeação de mais de 800 agentes penitenciários para reforçar a atuação nos presídios. O Estado também tem uma ação contra a União pedindo que ela custeie ou se responsabilize pelos presos de responsabilidade federal.

Segundo informações do Estado, dos quase 15 mil detentos que estão em presídios administrados pelo Estado, 6 mil deveriam estar em unidades federais. A proposta do Estado é que os presos que tem perfil federal continuem nas unidades estaduais, no entanto, sejam custeados pela União.

Com repasse de valores para custear 40% da massa carcerária de Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado prevê economia de R$ 23 milhões por mês, um total de R$ 276 milhões por ano, valor que poderia ser empregado no reforço da estrutura da segurança pública.

Outra característica de Dourados é que existe um grupo denominado Oposição Pura, que não aceita o domínio do PCC. São em números bem menor. São colocados em pavilhão distinto.