
Feito uma solinha de sapato…
11 de outubro de 2017* Professora MSc. Joana Prado Medeiros
Em tempos áridos em que o solo da minha alma caminha descalço, volto caríssimos da praia. Acompanhei e imitei a reverência das palmeiras ao Deus criador. Estou com o coração depois do sal que tudo limpou, lavado e repleto de dor e medos mil neste nosso Brasil varonil.
Tal qual o mago trilhei o caminho de Santiago das mazelas e das belezas da minha existência, dobro-me diante da mãe terra e peço: ensina-me a acolher como a relva silenciosa acolhe a luz, ensina-me a contornar as dificuldades como água contorna os caminhos, quero aprender a resignação como as folhas que morrem no outono a fertilizar o solo. Preciso sentipensar a regeneração como a semente que brota na primavera.
Com resiliência compreender a coragem como as ondas que vêm e vão infinitamente, desapegar do meu eu majestoso e dialogar com as algas marinhas e todos os microorganismos.
Dialogar com nossa inusitada democracia, dialogar antes, durante e depois da faixa presidencial, não ir embora pra pasárgada e não ter alcaloide à vontade. Amar o Norte, o Sul o Sudeste, o Centro Oeste e o Nordeste.
Comum o silenciar da voz diante da imensidão do mar.
Difícil são as contradições da terra, mesmo em face de tanta beleza o império do vil metal apresenta-se vestido com inúmeras roupagens, os humanos, os senhores fabricantes da cultura material e imaterial apresentam-se soberanamente tão iguais e ao mesmo tempo tão desiguais.
A alegria da água de coco que escorre pela goela abaixo esfria o respirar e dói o coração quando miramos o franzino idoso (a) ou menino (a) desdentado e enrugado pelo sol feito uma solinha de sapato a nos servir a vagar pelas quentes areias do nordeste brasileiro.
Os frutos do mar, o banho de sol, a mistura de etnias, o gordo o magro, o guarda sol não guarda todos na mesma sombra, a praia dos pobres embalada por cheiros mil não é mesma dos magníficos resorts com todo seu conforto, luxo e serviços excepcionais.
Na praia particular de cada um o heliponto do coração também são subclassificados. Uns realizam aterrizagens sorridentes em seu mundo de bolha de sabão e selfies e decolam em seu inebriado sonho de momentos felizes sem conceber que felicidade é um processo um continuo aprendizado político.
Outros não aterrizam e muito menos decolam, o vento e a maré os levam, enquanto existem os que inconformados sobrevivem em solo politicamente incorreto, sonham, votam fazem protestos choram e elaboram uma prece para decolar em um mundo justo e igualitário.
A areia pisada e repisada tudo guarda, tudo consente. A febril volúpia dos dias sem o relógio, ah! Famada férias plissada no celular e zapzap… O falso mandato de uns dias de descanso… Ops! Nada contra, contudo o mais importante é o descanso da alma, o repousar na maresia da vida. Deitar no azul anil dos céus, dormir travando o bom combate e acordar com o beijo de uma prece.
E jamais fechar os olhos para esse universo obsceno, indigno, cruel e injusto que compõe o quadro das diferenças das classes sociais.
Aprender com o bailado do mar, misturar as salgadas lágrimas com as águas do oceano, sonhar o sonho sonhado em dez prestações e ainda assim batizar alegrias e reinaugurar promessas essa é a nossa fé.
Igual ao pescador que se encanta mais com a rede do que com o mar (parafraseando a canção) meu espírito pensante, inquieto, fervilha cheios de indagações sem respostas, levantar âncoras, içar velas desfazer as amarras… Manter a coragem de ser brasileiro (a). Eis minha prece.
* Professora MSc. Joana Prado Medeiros, douradense, graduada em História, especialista em História do Brasil, mestre em História e doutoranda em História. Professora na UNIGRAN Dourados (MS). Agora Colunista no Jornal MS Online.
Parabéns Joana, excelente texto!
Obrigada, Fernanda.
Fernanda te convido a ler o texto de amanhã quarta feira. Abs
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Amiga Joana, mais uma vez a sua lavra chega como um lenitivo, para a alma daquele que está à deriva na estrada da vida, sem lembrar de onde veio e sem saber para onde vai. Parabéns.
Obrigada querido amigo, te convido a ler p texto desta quarta-feira. Abraços
Maravilha…gostei da tua divagação. Disse coisas importantes de uma maneira tênue e emblemática. Dançou com as palavras em um belo texto.
Muito obrigada, te convido a ler o texto de amanhã ok. Neste mesmo site e claro rarara. Abraços
Muito obrigada amigo. Te convido a ler o texto de amanhã quarta feira
Muito lindo parabéns prima . Você é bela de bonita.
Muito obrigada, prima querida te convido a ler o texto de amanhã ok. Neste mesmo site e claro rarara. Abraços
Sempre pontuando bem as situações atuais. Parabéns e obrigado pela partilha.
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Joana, que maravilha! O texto desceu redondo, lindas analogias. Parabéns, Mestra! Obrigada!
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