Lixões avançam e nem bairro de Dourados já têm 2 quilômetros de extensão

Lixões avançam e nem bairro de Dourados já têm 2 quilômetros de extensão

15 de março de 2021 0 Por jornalismo

Um “lixão” com mais de 2 quilômetros de extensão. Se juntados, os resíduos formariam um monte que lembraria as pirâmides egípcias. Essa tragédia ambiental existe e está localizada em uma estrada de terra que liga o bairro Estrela Verá à BR-163. Por toda a cidade, os lixões a céu aberto avançam.

É um consenso não só entre ambientalistas mas também entre médicos e autoridades sanitárias que jogar lixo ou entulho em locais públicos traz graves riscos para a população e as consequências são desastres ambientais como enchentes, alagamentos, poluição dos rios, emissão de gases tóxicos, acidentes e outros impactos negativos que trazem malefícios ao ser humano, como a proliferação de animais peçonhentos e doenças infectocontagiosas. Zelar pelo espaço público é (no caso, deveria ser) o dever de todo cidadão. Outro consenso ligado ao tema é ser de extrema importância a população fazer o descarte correto de lixo e entulho nos Ecopontos, que são locais adequados para receber esses resíduos sem causar nenhum dano ao meio ambiente. Ademais, é crime tipificado em lei. No caso de Dourados, a Lei Complementar nº 055, de 19 de dezembro de 2002, conhecida como a “Lei Verde”.

Um dos “nós” da questão do descarte irregular de resíduos/entulhos na cidade e que contribui para a formação de pequenos, médios e grandes “lixões” como o citado no início desta matéria é os “vazios” das políticas públicas, notadamente no caso dos Ecopontos. Responsável pelo gerenciamento desses locais, A Semsur (Secretaria Municipal de Serviços Urbanos) anunciou na última quarta-feira, 10, que prepara uma licitação para poder readequar os ecopontos que funcionam na cidade. Atualmente, são três pontos de coleta de resíduos: no Parque do Lago II, Roma II e Cohab II. Os locais são disponibilizados pela prefeitura para o descarte correto de alguns resíduos, como materiais recicláveis, entulhos, galhos e restos de podas de árvores, entre outros. A readequação será para estabelecer um controle melhor da área onde funcionam esses ecopontos. A medida é louvável, mas “meia boca”, já que não ataca o problema principal, que é a falta de um Ecoponto diferenciado, preparado para receber todo tipo de entulho/lixo que não possa ser encaminhado para o Aterro Sanitário. A prioridade da política de descarte adotada nos ecopontos da cidade são galhos de árvores. O pouco que é feito em relação a outros materiais é em parceria com a Associação dos Agentes Ecológicos de Dourados, Agecold, que reúne os catadores de material reciclável.

Bom exemplo a ser seguido pela Secretaria vem de Valinhos, cidade paulista que assim como muitas outras está um passo a frente de Dourados na questão da eliminação dos “lixões”. Lá, cerca de 73,2% dos materiais depositados são restos de construção civil, seguido de itens como madeiras e móveis (especialmente sofás), representando 18,4%. Há ainda resíduos de poda de árvores, com 8,4%. O espaço tem a capacidade para receber entulhos em geral, recicláveis, galhos, resíduos de poda e capina, móveis e eletrodomésticos sem uso. Dois contêineres imensos recebem grandes volumes e restos de madeira. Outros dois contêineres menores acondicionam resíduos de construção civil e de poda. Em uma área coberta ficam os recipientes para lâmpadas, pilhas e baterias, eletroeletrônicos, óleo usado e resíduos recicláveis, o que inclui todo tipo de papel, plásticos em geral, metal, latas de alumínio, vidros entre outros. O local possui um funcionário para fazer o cadastramento do morador, indicar o local correto para o descarte dos materiais e evitar o depósito de itens que não devem ser levados, como resíduos domésticos, industriais e hospitalares. O Ecoponto funciona de segunda a sábado, das 7h40 às 16h e o uso é gratuito.

Se Dourados adotasse a política de disponibilização de espaço para descarte adequado de lixo e entulhos adotada pela Prefeitura de Valinhos o cidadão teria uma opção para descartar os materiais observados pela reportagem tanto no “mega-lixão” do Estrela Verá/BR 163 como nos outros “lixões” que proliferam em todos os cantos da cidade: pneus, pedaços de móveis, galhos, garrafas de vidro e PET, vasos sanitários, eletrodomésticos sem condição de uso, sofás (muitos sofás!) e até caixas d ‘ água. Exatamente os materiais recebidos pelo Ecoponto Municipal de Valinhos.