
Números mostram que Brasil ainda faz ‘brutalmente’ menos testes para coronavírus do que deveria
12 de junho de 2020O Brasil faz tão poucos testes RT- PCR, considerados os ideais para diagnosticar a Covid-19, que o número de casos confirmados muitas vezes é secundário para cientistas que analisam a evolução da pandemia no país.
A avaliação é de especialistas ouvidos pelo G1. Segundo eles, é mais seguro considerar outros índices, como o de óbitos e o de ocupação de leitos de UTI, para compreender se é momento de retomar os serviços essenciais ou de decretar lockdown, por exemplo.
“O Brasil está testando brutalmente menos do que deveria. Na melhor das hipóteses, 20 vezes menos do que é considerado adequado”, afirma Daniel Lahr, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). “É tão pouco que a amostra pode ser basicamente ignorada.”
Um dos indicativos da baixa testagem é a taxa de resultados positivos para Sars-CoV-2 nos exames que detectam vírus respiratórios. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que, de todos os testes feitos, 5% ou menos deem positivo. No Brasil, a média diária está muito acima disso: é de 36,68%, segundo a plataforma Our World In Data, usada nas estatísticas da Universidade Johns Hopkins.
México (17,17%) e Índia (8,73%) não obedecem ainda ao padrão ideal, mas registram índices muito melhores que os do Brasil.
Os Estados Unidos, até 7 de junho, tinham média diária de 13,83% de resultados positivos. Mas, como a capacidade de testagem foi ampliada, se foram considerados apenas os testes da primeira semana do mês, o índice diário de positivos cai para cerca de 4,2% – e se encaixa no padrão esperado pela OMS.

Gráfico mostra média diária de resultados positivos em testes de Covid-19. — Foto: G1
Outra forma de avaliar se um país está fazendo o número suficiente de testes de Covid-19 é considerar o tamanho da população.
No Brasil, segundo o Our World in Data, a média até a primeira semana de junho é de 2,28 pessoas testadas a cada 100 mil habitantes. Nos Estados Unidos, são 61,59 para cada 100 mil; na Itália, 69,25; em Portugal, 85,81; no Chile, 35,97.