O uso da abordagem das Constelações Familiares Sistêmicas na resolução de conflitos judiciais.

O uso da abordagem das Constelações Familiares Sistêmicas na resolução de conflitos judiciais.

17 de junho de 2020 0 Por redacao

Constelações Familiares Sistêmicas é uma abordagem terapêutica, criada e desenvolvida por um alemão, chamado Bert Helliguer (1925/2019), formado em Teologia, Pedagogia e Filosofia, trabalhou durante 16 anos como membro de uma ordem missionária Católica entre os Zulus na Africa do Sul. Nos anos 70 ele deixa esta ordem e começa a se dedicar a Psicoterapia, com formações e vivências também no campo da Psicanálise, desenvolvendo assim, o seu método terapêutico, a Constelação Familiar Sistêmica.

Para entender um sistema, vou usar como exemplo o funcionamento do corpo humano, em nosso corpo há vários orgãos e membros que fazem parte de um único sistema, o sistema do corpo humano, se um destes orgãos ou membros não funcionar adequadamente, ou estiver doente, ocorre um desequilíbrio que afeta todo o sistema. Nossa família também é um sistema, quando nascemos herdamos não somente a genética, mas também os sentimentos, os comportamentos, as crenças e os costumes, seguimos o que rege o nosso sistema familiar, fazemos isso, mesmo que inconscientemente, pois possuímos um inconsciente familiar que atua em cada membro da nossa familia, porém, para que haja harmonia e que o amor flua, é necessário que sejam respeitadas três Leis, que chamamos de Leis do amor. 

A primeira Lei do amor é a Hierarquia, quem chegou primeiro tem precedência a quem chegou depois, portanto a hierarquia de um sistema familiar deve ser respeitada para que haja harmonia. A segundo Lei do amor é o Pertencimento, que se refere a cada membro que faz parte da familia, todos fazem parte, se um membro da família for excluído um desequilíbrio acontece afetando assim todo o sistema familiar. O amor contido na família é o que mantém todos os familiares unidos, se algo de ruim acontece, todos serão afetados, causando dores, conflitos e pesar dentro do sistema familiar. A terceira Lei do amor é o Equilíbrio entre o dar e o receber, são as trocas que acontecem nos relacionamentos. 

Vários dos sentimentos que vivenciamos no presente, tais como: dores físicas e emocionais, medos, desavenças familiares e até mesmo doenças podem ter sua origem real neste desequilíbrio nas ordens do amor. As ações e as atitudes negativas modificam o campo energético da família e por consequência as gerações posteriores arcam com esta dor e com estes sentimentos negativos. O emaranhamento presente em um sistema familiar vem à luz no trabalho sistêmico, trazendo resultados positivos, libertadores e surpreendentes.  

Esta abordagem terapêutica hoje tão disseminada pelo Brasil e pelo mundo nos permite remover os bloqueios da nossa vida como um todo, nos beneficiando e trazendo mudanças necessárias em nossas vidas, nos curando e nos fortalecendo, trazendo o essencial, o amor, que muitas vezes foi esquecido, negado, ignorado e até mesmo desprezado no passado.

As Constelações Familiares Sistêmicas vem para humanizar a Justiça, para retirar do coração das pessoas a casca grossa que o envolveu, a casca que corrói e adoece, como as mágoas, os ressentimentos e a raiva, ainda mais nas questões de família, como divórcios, partilhas e alienação parental, olhando com amor para os conflitos. 

Forma-se um grupo de pessoas, aquela que precisa olhar para um conflito, que tem algo que precisa ser visto com amor, coloca a questão para o constelador, este, vai escolher pessoas para representarem as pessoas que estão envolvidas no conflito e que estão vivenciando a situação. Assim, o chamado “cliente”, participa de uma Constelação e se torna consciente da realidade. É uma abordagem terapêutica, onde os representantes seguem impulsos inconscientes, sentem como as outras pessoas e agem através de movimentos que representam a situação atual de cada um envolvido. Muitas vezes são pronunciadas frases curtas e curativas como: “Eu vejo você.”; “Eu lhe agradeço pelos filhos que tivemos.”; “Eu e sua mãe cuidaremos de você.”; “Eu vejo e respeito a sua dor.”; “Eu te dou um lugar no meu coração.” 

A Constelação é um avanço para a Justiça, chamada de Direito sistêmico, ela ajuda a conciliar, reconciliar. Em uma audiência de mediação é possível que seja realizada uma sessão de Constelação em grupo por exemplo. Esta abordagem terapêutica esta ganhando espaço no Judiciário brasileiro, e ja é aplicada em vários Estados, inclusive no Distrito Federal. Em São Paulo, existem cursos de Direito sistêmico direcionados para Juízes, Advogados e Promotores de justiça. Os Advogados podem usar a abordagem para evitar que os conflitos familiares cheguem aos corredores do Fórum. Não é mágica, é uma questão de postura, o número de acordos crescem muito com o uso desta abordagem, beneficiando muitas famílias. Quem vivencia a Constelação com coragem, humildade e gratidão consegue reestabelecer o diálogo e resolver seus conflitos, com disposição para a harmonia.

A imagem utilizada para representar a Justiça é a Deusa da mitologia grega chamada Têmis, filha do Céu e da Terra, uma mulher com os olhos vendados, a venda é um símbolo da imparcialidade, significa que ela não faz distinção entre as pessoas, sua grande sabedoria vem do sentimento, “o essencial é invisível aos olhos”, ou, “olhar além do aparente”, não com os olhos, mas com alma e coração, como é feito na abordagem sistêmica das Constelações Familiares. 

Denise Caramori

Psicopedagoga/Terapeuta

Equoterapeuta/Equitadora